terça-feira, 16 de outubro de 2007

BMW 335xi Touring Auto

O primeiro ensaio que fizemos a este motor de três litros com duplo turbocompressor que dá origem à sigla 335 revelou nas medições todo o potencial: prestações superiores às do M3 E46, o da anterior geração, com ganhos significativos não apenas nas acelerações mas também nos consumos. Embora discreta, a carroçaria coupé desse 335 expressava algum dinamismo. Montado na carroçaria Touring, e, ainda por cima, no “relaxante” verde-escuro que não é “racing” há muitos anos, a 335Xi passa muito despercebida. Os escapes são um sinal para os mais atentos. Apesar de haver mais espaço à volta, as dimensões da carrinha não ofuscam o sopro dos seis cilindros biturbo, com uma presença “rouca” desde os regimes mais baixos, e um grito possante depois das 4000 rpm. Um dos grandes méritos deste motor turbo é o de não parecer… turbo. Não se ouvem os silvos mecânicos, apenas a força bruta do motor.

A caixa automática montada nesta unidade (opcional) sabe a força que tem à disposição e escolhe, normalmente, a zona das 1500 rpm para trocar entre as seis velocidades disponíveis. É uma caixa que tem mais de suave do que de rápida, mas como o motor disponibiliza binário em doses maciças, há sempre força para acelerar o andamento. A suavidade e a potência do motor em rotações comedidas resultam numa utilização muito mais silenciosa e suave do que com qualquer caixa manual ou motor Diesel. Esmagando o acelerador, nota-se que o conversor de binário precisaria de ser mais rápido para retirar todo o proveito dos 306 cv e 400 Nm, mas, ainda assim, a aceleração é mais do que suficiente para deixar avós, filhos e netos com uma boa dose extra de adrenalina. Ainda por cima, a presença da tracção integral assegura motricidade “à prova de bala”, mesmo nas estradas escorregadias ou com o piso húmido, já que neve é mais difícil de encontrar.

Por esta razão, os mais de quatro mil euros inerentes apenas ao sistema X-Drive – porque pode comprar uma 335i Touring – acabam por ter uma justificação relativa, já que mesmo só com tracção traseira e o muito bem calibrado DSC, o Série 3 tem uma base muito equilibrada e fácil de controlar. No caso desta variante de tracção integral, sobressai uma maior tendência subviradora à entrada das curvas, mas a rapidez de recuperação da trajectória ideal, bem como todos os limites de aderência, em qualquer situação, ficam facilmente ampliados. E ainda sobra a vantagem de, querendo-se, poder soltar o acelerador em plena curva: a 335 Xi atravessa-se (em maior ou menos amplitude dependo do nível escolhido no DSC, o controlo de estabilidade), mas o acelerador é capaz de recuperar a direcção com maior suavidade. Neste conjunto tão polivalente, os pontos menos positivos assentam na suspensão que pode revelar-se demasiado firme quando se fala, e espera, conforto absoluto. Nos consumos, a eficiência deste biturbo já foi por diversas vezes salientado, mas também é preciso ter em conta que numa utilização emocionada é fácil rondar uma média de 15 litros.

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