sábado, 4 de agosto de 2007

Jaguar XK 4.2 V8 Coupé

A elegância do XK Coupé marca diferença sem precisar de raiar o bizarro ou o seriamente discutível. A primeira coisa que se quer ler num ensaio são as impressões, críticas e análises dinâmicas. Pois neste carro, e por mais breves que sejam os momentos de posse, é impossível não estagnar o olhar no XK. É clássico e moderno e a predominância germânica no mercado acrescenta-lhe exclusividade. Face ao antigo XK8, pouco espaçoso e ineficaz, o cenário mudou radicalmente. As linhas do XK são quase perfeitas. Impõem presença e músculo. E ao beberem inspiração no primo Aston Martin, garantem uma semelhança global muito apelativa à vista e conveniente à carteira, já que o primo DB9 custa quase o dobro.

O encanto visual deste puro coupé culmina nas jantes de 20”, opcionais por 3700 euros. Perante esta medida espera-se desconforto nas estradas mais mal tratadas, mas os primeiros quilómetros confirmam o contrário. Primeiro é preciso aceder ao interior primoroso em materiais e apresentação, e deixar o dedo no botão um par de voltas de motor para pôr em marcha o V8. Como no tempo em que se esperava pela aspiração da gasolina até aos cilindros. O ronco deste 4.2 é poderoso desde o primeiro suspiro, confirmando-se o apregoado estudo acústico. O som enche o interior espaçoso e bem concebido à volta dos lugares dianteiros. Apesar dos quase 4,80 metros de comprimento, os lugares traseiros são utilizáveis apenas por crianças, com corpo de criança, mas fazem a diferença entre levar ou não levar o desportivo ao almoço de família. E para arrumar o assunto do espaço, refira-se que a bagageira é surpreendentemente ampla, o porta-luvas muito mais do que isso e o compartimento central suficiente para guardar várias carteiras.

Com os primeiros quilómetros sobressaem duas coisas: mesmo nos remendos, ressaltos e depressões das nossas mal tratadas e caríssimas auto-estradas, a suspensão deste XK, que sustém jantes de 20”, tem um desempenho impecável. É suave e silenciosa. Em contraste, as quatro enormes tiras de borracha impõem ruído de rolamento que, a partir dos 140 km/h, se une a alguns silvos aerodinâmicos. Nada de preocupante, mas também não é referencial na classe. A auto-estrada é o terreno de caça deste Jaguar. Imensa tranquilidade, boa estabilidade e enorme facilidade de condução, independentemente do ritmo, que pode passar os 260 km/h no velocímetro, limitados pela electrónica. A este andamento não se conta a gasolina, mas se a média rondar os 140 km/h, os valores ficam-se pelos 11 litros, o que eleva a autonomia a 500 km. Estes valores têm a ajuda da caixa longa, especialmente na última relação, que chega a reduzir de 6ª para 5ª em subidas de AE a 140 km/h de cruise control. À saída para estradas retorcidas, o XK em poucos quilómetros demonstra ser o melhor Jaguar desde há muito. O motor V8 tem uma veneta de força logo nos regimes baixos e enche o peito depois das 4000 rpm. Entretanto, nas imediações das 3000 rpm, não é muito atlético, embora faça soar voz grossa. Para se manter o regime no sítio certo ou se usam as patilhas no volante, emocionantes dada a velocidade de passagem, ou se desvia a alavanca da caixa para o modo Sport, que também faz bem o seu papel, mantendo o V8 lá em cima. A tendência natural do XK é a de curvar muito depressa sem reacções bruscas. Insistindo, sobressai a subviragem. Em piso menos aderente, o acelerador consegue equilibrar a trajectória fazendo escorregar a traseira com suavidade, mas em alcatrão seco o 4.2 não chega, principalmente com estes pneus 285/30 atrás. Com o encadear das curvas sobressaem os pontos menos positivos do XK. Entende-se agora o elevado nível de conforto com a menor capacidade que a suspensão tem em reter os movimentos da carroçaria quando sujeita a movimentos transversais opostos em sequência. Mas o equilíbrio entre uma coisa e outra é mais do que justo porque não sendo muito menos eficiente do que os rivais é significativamente mais confortável. A direcção, neste mesmo tipo de utilização intensiva, também perde eficácia, rapidez e precisão, e a travagem, sendo tremendamente potente nas primeiras solicitações, não é irremediavelmente à prova de fadiga.

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