
O primeiro handicap é evidente: a caixa de apenas quatro velocidades. Ninguém exigiria uma caixa de sete velocidades como a da Mercedes (ou até de oito como a Lexus já anunciou no novo LS), mas, na prática, o motor 1.6 16V acaba por ser traído pela transmissão. As prestações ressentem-se, com os clássicos 0 a 100 Km/h a serem cumpridos em 12,8 segundos, o que representa uma perda de dois segundos face à versão de caixa manual. Os consumos também não saem melhor «tratados», com a média ponderada a subir 0,8 litros e, mais importante ainda num automóvel vincadamente citadino, os valores em cidade subiram mais de um litro. Ao volante, além do evidente decréscimo de destreza dos 110 cv, o grande handicap acaba mesmo por ser o ruído de funcionamento. Este quatro cilindros nunca foi um exemplo em insonorização, especialmente a altos regimes e esta caixa vem sublinhar esta característica ao manter, constantemente, o 1.6 acima das 4000 rpm. Ou tratamos o pedal da direita com «pezinhos de veludo» ou qualquer solicitação mais vigorosa obriga a caixa a uma redução forçada que faz disparar o taquímetro. Outro problema tem a ver com a «pseudo» adaptabilidade desta caixa ao tipo de condução a cada momento. Isto tem um fundo de verdade, mas na prática não funciona como devia. Quando adoptamos uma toada mais rápida, a caixa demora algum tempo a «perceber» que precisamos de passagens mais tardias e depois, numa condução normal, demora outro tanto a «entender» que já não precisamos de esticar todas as quatro relações até ao red-line. Este fenómeno retira fluidez à condução. Com tempo e paciência, aprendemos a dosear o acelerador e a lidar com o carácter irrequieto, mas é uma solução que está longe de ser a ideal. Ou seja, se o dinheiro até nem é um problema, quer um automóvel super equipado e é um fã do utilitário gaulês, este Clio é uma opção a ter em conta, mas, para os restantes, e por este valor, há opções bem mais convincentes.
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