sábado, 11 de agosto de 2007

Land Rover Freelander 2 2.2 TD4 S

O mercado dos pequenos SUV continua em franco crescimento. É fácil perceber os desejos de ter o melhor de vários mundos num único veículo. O Freelander original, que faz este ano «dez primaveras» inaugurou esse conceito num patamar premium, o segmento dos SUV compactos com mais imagem, requinte e técnica. À volta deste núcleo têm surgido, e tudo aponta para que o leque se alargue, propostas para todos os gostos: pequenos e grandes, baratos e caros, com mais ou menos imagem e muita ou nenhuma tradição de aventura. Nos últimos tempos generalizou-se uma característica comum a quase todos estes SUV: capacidades TT deveras limitadas. Alguns nem transmissão integral têm. É certo que haverá quem não precise de mais do que o estilo jipe, e que outras pessoas só precisem, realmente, de uma ligeira capacidade acrescida de altura ao solo e de tracção acrescida para enfrentar a neve e o gelo, características climáticas na maior parte dos países desenvolvidos. Para todos estes, mas também para aqueles que querem, realmente, alguma capacidade de todo-terreno, para irem mais longe do que aquilo que qualquer Renault 4L ainda hoje permite nos caminhos deste Portugal escondido, há poucas escolhas neste segmento. Este Freelander 2 é um deles, senão o melhor.

Com 21 cm de altura ao solo e 50 cm de passagem a vau, tanto como a recomendada para o mítico Defender, para não referir os razoáveis 31º, 23º e 34º como ângulos de entrada, ventral e saída, respectivamente, o Freelander está, claramente entre os melhores deste segmento. Claro que mesmo assim este Land Rover não é um generoso trialeiro em termos gerais, até porque as suspensões têm um curso reduzido, mas mesmo assim permite enfrentar um bom leque de caminhos. Em obstáculos mais desnivelados, não é preciso muito para por uma ou duas rodas do Freelander 2 no ar. Mas é aqui que entra o botão mágico do «Terrain Response», que gere a travagem de forma independente nas quatro rodas e a aceleração para colocar, com vários cálculos electrónicos, a potência na(s) roda(s) com mais aderência. O comando tem três programas de TT, neve/relva, lama e areia, e basta olhar para o piso e escolher um deles para termos grandes probabilidades de continuar viagem. Ainda que nitidamente dedicados ao alcatrão, os Michelin Latitude surpreenderam pela positiva na capacidade de recuperar o atrito mesmo em lama muito escorregadia, mas baixa. Em terrenos pesados, como a areia solta, é onde se sentem as maiores limitações. O «fundo» arrasta com facilidade no «chão» e a embraiagem denota dificuldade em digerir os 400 Nm de binário aplicados numa primeira velocidade acelerada, esperar pela caixa automática disponível a partir de Abril poderá ser uma excelente ideia. Com a táctica do «embalo», o Freelander acaba por chegar onde não se pensava ser possível, já que o controlo de tracção deixa livres as rodas para patinarem o suficiente em busca da tracção. Em lama, o princípio é o mesmo, mas o próprio sistema reduz a rotação numa dose muito bem controlada para se garantir o avanço dentro dos limites do razoável. Em cruzamentos de eixo, o sistema simula o bloqueio de diferencial e mesmo que demore alguns segundos a gerar a dose de travão necessária para parar a roda no ar, acaba por conseguir, em inúmeras situações, levar o menor dos Land Rover para o outro lado da vala. Por outras palavras, o «Terrain Response» voltou a provar ser uma mais-valia única face à concorrência e capaz de fazer a diferença quando se quer ir além da subida íngreme no gelo ou do passeio alto do estacionamento.

A suspensão não tem um curso longo, mas é surpreendentemente competente na capacidade de digerir buracos e valas, mesmo em estradões percorridos a 80 ou 100 km/h. Aliás, chega a ser convidativo deixar embalar o Freelander para sentir o escorregar controlado da traseira, já que o controlo de estabilidade dá amplitude de divertimento sem grande risco. De tudo isto, a menos bem conseguida afinação electrónica pareceu-nos ser a do HDC, que revela um optimismo excessivo deixando embalar bastante (9km/h em descidas íngremes). Não salta, porque a suspensão é realmente tão confortável como frisámos, mas o fundo do Land Rover poderá não ter a mesma opinião. Em estrada, sem ser tão incisivo como o X3, principalmente na direcção, o Freelander é rápido, preciso e continua, claro, a ser confortável. Só destoam os ruídos aerodinâmicos agravados pelas ausência de cortinas opacas no tecto de abrir e a falta de apoio lateral dos bancos de um carro que convida a boas curvas, tanto no alcatrão como fora dele.

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