sábado, 11 de agosto de 2007

Volvo S80 D5 Nível 3 Geartronic

Em Portugal, a imagem da Volvo rivaliza com os três mais conceituados construtores alemães, um trunfo dos modelos suecos para agradar a quem não quer vestir a pele ostensivo-germânica dos mais conceituados. O S80 é a resposta do construtor sueco aos BMW Série 5, Audi A6 e Mercedes Classe E. Este novo S80 cresceu por fora três a quatro centímetros, mas assim que acedemos ao interior sobressaem dúvidas sobre a «expansão». Tem o espaço à justa para estar na classe, mas não mais do que isso. As nossas medições interiores não só confirmam que o S80 é o mais pequeno entre os referidos rivais, como ainda é uns centímetros mais acanhado do que o anterior S80, tanto em largura como em comprimento à frente e atrás.

Em contrapartida, o espaço que não existe em quantidade sobressai na qualidade do desenho. Todo o interior em geral e o tablier em particular, especialmente na combinação de tonalidades claras desta unidade, resulta em cheio tanto em bom gosto como em funcionalidade. É realmente um ambiente onde é muito fácil sentirmo-nos aconchegados. Apesar de ter bons materiais, o S80 não escapou a alguns plásticos rígidos na zona inferior da consola central. Porém, os detalhes estéticos e a imaginação no desenho e na qualidade de outros materiais, como a cobertura do tablier com textura a fazer lembrar algo entre o couro e a madeira, superam isso. O sistema «sem chave» é um opcional que inclui na própria chave uma função que permite saber, até 100 metros, se deixámos o carro aberto ou fechado, o que evita voltar atrás para confirmação. A maior função, porém, desse objecto com o tamanho de um isqueiro Dupont , continua ser a de colocar em funcionamento o conhecido D5, o motor Diesel de cinco cilindros que há cerca de um ano passou a debitar 185 cavalos.

Ouve-se e sente-se a trabalhar desde o primeiro minuto, e continua presente desde o primeiro arranque. Os cinco cilindros retiram algum «matraquear» e acrescentam voz grossa, mas ainda assim fica a sensação deste motor já ter incomodado menos noutros Volvo. A caixa automática de seis velocidades também ajuda a elevar o nível sonoro porque permite algum escorregar acrescido do conversor de binário e, por consequência, mais decibéis, nos arranques ou nas reacelerações. Pertence também à caixa a responsabilidade dos consumos acima dos 11 litros em circuito urbano e a sensação de alguma lentidão em trânsito irregular. Quando chega à estrada aberta, ou à auto-estrada, as qualidades começam a sobrepor-se às limitações, como aliás acontece com todo o S80. É um carro que se sente muito melhor nas grandes viagens. O nível de ruído aerodinâmico é muito baixo, tal como acontece com o de rolamento. Mais uma vez, é o motor o único a marcar presença, mas num tom que não chega a ser incomodativo além de poder ficar completamente neutralizado pelo excelente sistema de som (ver texto ao lado). Na casa das 2500 rpm, o D5 assegura velocidades de cruzeiro acima dos 150 km/h sem qualquer esforço e com plena reserva de energia para enfrentar qualquer subida a esse ou até a ritmos superiores. Os consumos descem para valores mais razoáveis, rondando os nove litros, o que permite tiradas de 700 km sem visitas a esses sítios cada vez mais assustadores que dão pelo nome de «bombas de gasolina». Os bancos suaves com o tradicional desenho Volvo não têm grande apoio para as curvas mais rápidas, que o S80 enfrenta com serenidade, nem permitem ajeitar o encosto de cabeça, mas ainda assim garantem longas horas de bom assento, incluindo na sua função de absorver algumas pancadas mais fortes de buracos ou lombas pronunciadas que nem sempre o conjunto suspensão/jantes de 17 polegadas consegue diluir com a voracidade que se espera de um topo de gama. Em contrapartida, a direcção, com três níveis de força de assistência reguláveis pelo condutor, consegue filtrar os ressaltos antes de chegarem ao volante. É suficientemente directa e informativa em curvas largas, mostrando-se ligeiramente sobre-desmultiplicada em estradas contorcidas, daquelas por onde passam todas as grandes viagens.

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